A Polícia Civil apresentou nesta quinta-feira, 10/jul, os resultados de uma operação que desarticulou uma associação criminosa suspeita de aplicar golpes em produtores rurais da região de Bocaiuva. O grupo teria causado prejuízos que ultrapassam R$ 2,9 milhões em cidades do Norte de Minas e Centro de Minas. Três homens são apontados como os principais envolvidos no esquema. Um idoso de 81 anos, que chegou a disputar as últimas eleições para vereador; seu filho, de 54 anos; e um terceiro investigado, de 59 anos, que usava uma empresa de autopeças registrada em nome de um laranja. O grupo mudou para Bocaiuva e passou a se aproximar de produtores locais e conseguiram conquistar a confiança de um pecuarista influente, que acabou servindo como intermediário para atrair novas vítimas. A estratégia da quadrilha consistia na compra de gado com cheques sem fundo. Foram emitidos mais de 20 cheques fraudulentos, com valores que variavam entre R$ 5 mil e R$ 154 mil, somando um prejuízo de R$ 953 mil.
Após a negociação, os animais eram levados para uma fazenda em São Francisco, chamada Fazenda Ouro. De lá, o gado era encaminhado para leilões em cidades como Uberlândia e São Paulo, dificultando o rastreamento e facilitando a lavagem do dinheiro. Parte dos animais também foi vendida em outras regiões do país.
De acordo com o delegado Dr. Telles Bustorff, da Delegacia de Polícia Civil de Bocaiuva, a atuação do grupo foi cuidadosamente planejada.
“Eles se instalaram estrategicamente em Bocaiuva, aproximaram-se de um produtor conhecido, o usaram como referência e, a partir daí, conseguiram atrair outras vítimas. Foi um golpe bem estruturado”, afirmou.
O delegado regional Dr. César Salgueiro destacou que o prejuízo ultrapassa os limites de Bocaiuva e atinge também outros municípios mineiros.
“As investigações também apontaram que o grupo agiu em Buritizeiro e Diamantina, causando prejuízo estimado em R$ 2 milhões. Ao todo, 930 cabeças de gado foram negociadas fraudulentamente, mas apenas 57 foram localizadas até o momento”, disse.

A operação foi deflagrada na última terça-feira (8), com o cumprimento de mandados de busca e apreensão. Durante as diligências, foram localizados talões de cheques, anotações contábeis, registros de movimentações financeiras, além de indícios de que veículos de luxo e maquinários de alto valor foram adquiridos com o dinheiro dos golpes, porém estes bens foram escondidos antes da chegada dos policiais e segue sendo procurados.
Os três investigados foram ouvidos e liberados. Eles irão responder pelos crimes de estelionato, lavagem de dinheiro e organização criminosa. As investigações seguem em andamento, com o objetivo de localizar o restante dos bens desviados e identificar outras possíveis vítimas.
A Polícia Civil orienta que produtores que tenham sido alvo de golpes semelhantes procurem a delegacia mais próxima para contribuir com as investigações.